Quando você começa a andar com uma câmera pendurada no pescoço, as consequências além dos passos mais cuidadosos e das costas mais corcundas, você aprende também a olhar para os lados. Digo isso não por questões de segurança e sim porque seria muito fácil fotografar poses prontas e sorrisos instantâneos. Assim a camêra na mão ensina a ver cenas que passam despercebidas para muitos, só que cabe a você eternizar ou não aquele momento.
O problema é que muitas vezes a câmera esta na mochila, a filmadora ficou no baú e o celular esgotou a bateria. Só que a cena está lá, existe e precisa ser lembrada. Tudo o que você tem para registrar aquele momento são os seus olhos e eis que eu te digo uma coisa: eles são suficientes.
Não importa se aquilo vai permanecer na memória por um minuto, um ano ou uma vida. Aquele momento entre um piscar de olhos e o desmanchar da cena com os protagonistas principais desaparecendo, a foto aconteceu. Quando digo que foi registrada não necessariamente significa um arquivo no computador ou um pequeno papel revelado. Falo mesmo é de algo que vai além do tangível, algo como um ponto dentro de uma linha do tempo. É difícil de ver, mas existe.
Não me diga que estou sendo clichê ou romântica demais. É que a partir do momento que você passa a observar mais fora do que dentro, o mundo faz mais sentido. Não que eu tenha entendido qual o propósito da vida, cura do cancêr ou algo assim. Falo mesmo é de guardar tudo o que ver. Aprender a focar mais. Manter o equilibrio no fotômetro. Usar mais o flash. E transformar uma cena feia em uma foto bonita.